Produzir azeites, cultivar oliveiras

O cultivo da oliveira reuniu três produtores e amigos para criar Oliq

Para eles, a excelência da produção está também ligada à preservação da Mantiqueira, ao incentivo de sua cultura e ao desenvolvimento local. Oliq é sociedade composta por três produtores: Cristina Gonçalves Vicentin e o casal Vera Masagão Ribeiro e Antônio Gomes Batista. Vera é paulistana e Cristina e Antônio são mineiros. Ela de Paraisópolis, bem na divisa com São Bento do Sapucaí, onde estão plantados os olivais da sociedade, e ele de Itabirito, cidade próxima a Ouro Preto.

Viver uma nova vida

Vera, Cristina e Antônio não entendiam nada de agricultura ou de azeite. Vera e Antônio doutores em educação e, Cristina, em psicologia. Os três atuavam ou atuam ainda na área da pesquisa ou da docência na graduação e na pós-graduação. Agora capinam para entender essa cultura milenar, mas nova para os brasileiros, para o que os títulos de doutores em nada servem. Vera e Antônio já estão trabalhando apenas na fazenda. Cristina ainda se equilibra entre uma coisa e outra. Estão felizes da vida com a possibilidade de viver uma nova vida.

O começo

Cristina é quem iniciou o plantio de oliveiras, em 2003, em sua propriedade – parte da fazenda São José do Coimbra – herdada de seu avô, um português que sonhou plantar pereiras no alto da serra da Mantiqueira, num maciço bem diante da Pedra da Baú. Cristina quis plantar oliveiras, lembrando-se da época em que, na região, eram relativamente comuns pomares de azeitonas. Entre 1940 e 1970, a Mantiqueira experimentou, com efeito, o cultivo dessa plantinha rara no País. São Bento do Sapucaí, por exemplo, foi conhecida como a “Capital das Oliveiras”. Campos do Jordão extraiu seu primeiro azeite em 1959.

Em 2003, embora a cultura já tivesse sido abandonada na região, Cristina conseguiu reunir mudas desses antigos pomares, em São Bento, na Coordenaria de Assistência Técnica Integral (CATI) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, para plantar seu primeiro talhão. Acabou convencendo seus amigos Vera e Antônio a fazer também o mesmo, em 2009, depois que a Epamig – Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais – desenvolveu, em sua fazenda experimental em Maria da Fé, pesquisas que resultaram numa nova onda de plantio de oliveiras na região.

O começo

Com as pesquisas da Epamig, os três sócios acabaram cultivando, aos poucos, cerca 13 mil pés, em duas fazendas. A São José, de Cristina, e a São Antônio do Bugre, de Vera e Antônio. Nessa última fica o lagar Santantonio, a unidade de extração, com equipamentos importados da Itália e um conjuntos de protocolos de controle de qualidade. O lagar presta serviços a outros produtores da região também, que, como é tradição em lagares e moinhos, podem pagar por esses serviços em produto.

O lema de Oliq é o de que a excelência da qualidade de seu azeite conta tanto quanto o modo de produzir. A cada safra, o azeite tem de ser bom e gostoso, mas a Mantiqueira tem de ser preservada, sua rica cultura precisa ser valorizada e o desenvolvimento do entorno impulsionado. É nisso que Oliq aposta.